Peixes Lápis Dourado (Nannostomus beckfordi)

 
Nannostomus beckfordi (Günther, 1872)
Forma mais comum de Nannostomus beckfordi encontrado no aquarismo

Ficha Técnica

Ordem: Characiformes — Família: Lebiasinidae (Lebiasinídeos)

Nomes Comuns: Peixes Lápis Dourado — Inglês: Golden pencilfish

Distribuição: América do Sul, bacia Amazônica

Tamanho Adulto: 6 cm (comum: 4 cm)

Expectativa de Vida: 3 anos +

Comportamento: pacífico, gregário

pH: 5.0 a 8.0 — Dureza: 18 a 268 ppm

Temperatura: 22°C a 28°C

Distribuição e habitat

Ocorre em ambiente lêntico, pequenos rios e áreas pantanosas, principalmente em áreas com densa vegetação aquática ou em meio a raízes submersas e folhas no substrato.

Amplamente distribuído por rios da Guiana, Suriname e Guiana Francesa, além de drenagens do rio Amazonas nos estados do Pará e Amapá no Brasil.

Relatado no rio Madeira, parte baixa e média do Amazonas até o rio Negro e rio Orinoco na Venezuela.

Variedade brilhantemente colorida exposto em um aquário no Reino Unido

Descrição

Conhecido por inúmeros nomes comuns como Zepelim, Zepelim Dourado, Peixe Lápis, Torpedinho, Torpedinho Dourado, entre outros.

Formam grandes grupos onde os machos dominantes defendem constantemente seu território.

Bastante apreciado por aquaristas, a maioria dos espécimes encontrado nas lojas provém de coleta.

Populações selvagens variam em padrões de cores dependendo do local de sua ocorrência, algumas populações isoladas foram descritas no passado como espécies distintas.

Na descrição original, o padrão de cor de N. beckfordi é informado por Günther como “uma faixa prateada ao longo de sua lateral, delimitada acima por um avermelhado, e por baixo por uma faixa preta”. Uma mancha preta na metade inferior das brânquias. Cor vermelho no início da cauda.

No entanto, existe um grande número de cores diferentes variando a região de origem. Todos são atualmente considerados sinônimo de N. beckfordi.

N. anomalus (Steindachner, 1876): distribuído próximo a Santarém. A faixa lateral escura não atinge a nadadeira caudal e é cercada acima e abaixo por estreitas listras de cor prata. A parte superior do corpo é acastanhada, parte inferior amarelada. Esta descrição parece corresponder estreitamente com a de N. grandis Zarske, 2011.

N. aripirangensis (Meinken, 1931): descrito na Ilha Arapiranga, próximo a Belém, estado do Pará, Brasil. Este parece ser a forma mais comum no aquarismo. A coloração do corpo é marrom escuro e a faixa lateral escura estende-se até os raios da nadadeira caudal. O restante da base caudal é vermelha e as nadadeiras ventrais são vermelhas com azul claro nas pontas.

N. simplex (Eigenmann, 1909): descrito a partir de ‘Lama Stop-off, Guiana’. A descrição original descreve um peixe com superfície dorsal cinzenta escura com uma linha escura mediana; Uma faixa leve do focinho até a base dos raios superiores no meio da nadadeira caudal; Uma faixa preta através das mandíbulas e focinho até a base da nadadeira caudal inferior e continua nos dois raios médios; Superfície ventral plana, com exceção de um ponto entre as pontas das nadadeiras ventrais; Cromatóforos da banda lateral espalhados acima das nadadeiras peitorais e parte frontal da nadadeira anal.

N. beckfordi surinami (Hoedeman, 1954): descrito de Berg en Dal, ao norte do reservatório Brokopondo, Suriname. Não foi possível obter a descrição original e esta subespécie foi sinonimizada com N. beckfordi por Weitzman (1966), aparentemente sem maiores explicações.

Além destas, a espécie válida N. minimus foi considerada um sinônimo de N. beckfordi no passado, enquanto N. grandis parece muito próximo do N. anomalus e foi exportada como tal no início do século XX.

Na descrição de N. grandis (Zarske ,2011) considerou N. anomalus sinônimo de N. beckfordi, pois considerou a descrição de N. anomalus de Steindachner como não informativa e sem ilustrações.

A família Lebiasinidae está inclusa na ordem Characiformes e muitas vezes dividida nas subfamílias nominais Lebiasininae e Pyrrhulininae, embora não tenha havido uma revisão importante destes grupos nos últimos anos.

Todos os gêneros lebiasinídeos possuem uma forma corporal relativamente alongada com 17-33 escalas na série lateral e sistema de canal laterosensorial ausente ou reduzido a 7 escalas ou menos. Algumas espécies apresentam nadadeira adiposa enquanto outras não, e a nadadeira anal tem uma base relativamente curta de 13 escalas ou menos.

Na maioria dos membros, os machos têm uma nadadeira anal alargada ou bem desenvolvida, utilizada para cortejo das fêmeas e desova.

Criação em Aquário

Aquário com dimensões mínimas de 60 cm de comprimento e 30  cm de largura desejável.

Deve ser mantido preferencialmente em aquário plantado. Sistema de filtragem deverá ser eficiente sem causar forte fluxo na água, algo pouco apreciado pela espécie.

Apreciado por aquarista nomeadamente por sua tendência a viver em grupos e pelo hábito de nadar com o corpo orientado para cima.

Comportamento

Relativamente pacífico podendo ser mantido em aquário comunitário com peixes igualmente pacíficos e de pequeno porte.

De comportamento gregário, deverá ser mantido em pelo menos dez espécimes ou mais. Machos tendem a ser agressivos com outros machos, razão pela qual quanto maior o grupo melhor. Desta forma qualquer agressão será espalhada entre todos os indivíduos e não somente sobre os mais fracos.

Espécime avermelhado que parece ser uma das inúmeras variedades de N. beckfordi.

Reprodução

Ovíparo. São considerados disseminadores livres, ou seja, fêmea libera os ovos livremente entre folhas que serão fecundados pelo macho em seguida. Larvas eclodem em até dois dias e estarão nadando livremente em até seis dias. Não ocorre o cuidado parental.

Dimorfismo Sexual

Machos adultos são intensamente mais coloridos, principalmente em condições de reprodução. Fêmea apresenta corpo mais roliço. A borda da nadadeira anal do macho é curvada.

Alimentação

Onívoro. Em seu ambiente natural de alimenta de vermes, crustáceos e insetos.

Em aquário aceitará prontamente alimentos secos e vivos.

Etimologia: Nannostomusnannus (latim) = pequeno + stoma (grego) = boca. Em referência a pequena boca das espécies.

Beckfordi; nomeado em homenagem a FJB Beckford, seu primeiro coletor que apresentou ao museu britânico.

SinônimosNannostomus anomalus, Nannostomus simplex, Nannostomus aripirangensis, Nannostomus aripiragensis, Nannostomus beckfordi surinami

Referências

  1. Oyakawa, O.T., 1998. Catalogo dos tipos de peixes recentes do Museu de Zoologia da USP. I. Characiformes (Teleostei: Ostariophysi). Pap. Avuls. Zool. 39(23):443-507.
  2. Porto, J.I.R., E. Feldberg, C.M. Nakayama and J.N. Falcao, 1992. A checklist of chromosome numbers and karyotypes of Amazonian freshwater fishes. Rev. Hydrobiol. Trop. 25(4):287-299.
  3. Planquette, P., P. Keith and P.-Y. Le Bail, 1996. Atlas des poissons d’eau douce de Guyane. Tome 1. Collection du Patrimoine Naturel Volume 22, MNHN, Paris & INRA, Paris. 429 p. (Ref. 12225)
  4. Breder, C.M. and D.E. Rosen, 1966. Modes of reproduction in fishes. T.F.H. Publications, Neptune City, New Jersey. 941 p.
  5. Géry, J., 1977. Characoids of the world. Neptune City ; Reigate : T.F.H. [etc.]; 672 p. : ill. (chiefly col.) ; 23 cm.
  6. Mills, D. and G. Vevers, 1989. The Tetra encyclopedia of freshwater tropical aquarium fishes. Tetra Press, New Jersey. 208 p.
  7. Oliveira, CA, GS Avellino, KT Abe, TC Mariguela, RC Benine, G. Orti, RP Vari, and RM Corrêa e Castro, 2011 – BMC Evolutionary Biology 11(1): 275-300 – Phylogenetic relationships within the speciose family Characidae (Teleostei: Ostariophysi: Characiformes) based on multilocus analysis and extensive ingroup sampling.

Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Fevereiro/2017
Colaboradores (collaboration): –

Sobre Edson Rechi 879 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários voltou no aquarismo em 2004. Desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra e amazônico comunitário. Atualmente curte ciclídeos e tetras neotropicais, além de peixes primitivos.

2 Comentário

  1. Boa noite Edson, recentemente comentei em outro post do fórum, estou voltando para o hobby agora depois de 4 anos sem aqua, na região onde moro um dos lojistas tem um cardume de peixe lápis beckfordi, encomendei um Aquário de 120 litros com ele, 80x40x40, qual seria uma quantidade razoável de indivíduos para colocar nele ? Considerando que eu também quero colocar alguns peixes de fundo (estou entre limpa vidros ou corydoras )

     

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*