A depressão é uma doença séria e deve ser tratada como questão de saúde pública: 4,4% da população mundial está deprimida, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas não somos apenas nós, humanos, que sofremos com o problema: peixes também podem ter depressão.
Para Julian Pittman, da Universidade Troy, nos Estados Unidos, é bom trabalhar com esses animais porque é muito claro perceber quando algo está errado. Se um peixe-zebra é deixado em um aquário e, após cinco minutos, estiver parado na metade inferior do recipiente, por exemplo, é sinal de que ele está deprimido.
Se está nadando pela parte de cima do aquário significa que está “explorando novas experiências” e, logo, está feliz. De acordo com o especialista, a severidade do problema é medida de acordo com o tempo que o animalzinho passa em cada parte do aquário.
Por mais que peixes não consigam se comunicar, Culum Brown, biólogo da Universidade Macquarie, acha que é óbvio perceber o estado do bicho. “Pessoas com depressão ficam afastadas. O mesmo ocorre com peixes”, afirma ao The New York Times.
Embora os pesquisadores possam encontrar paralelos nas flutuações da serotonina e da dopamina entre nós e os animais, Diego A. Pizzagall, da Universidade de Harvard, tem ressalvas: “Nem peixes e nem ratos podem capturar todo o espectro da depressão como a conhecemos”.
A discussão veio à tona porque alguns especialistas como Julian Pittman acreditam que esses seres vivos são essenciais para a descoberta de novos tratamentos para a depressão. “A neuroquímica é tão parecida que assusta, mas já faz tempo que não damos crédito para peixes”, argumenta.
Psiquiatria para peixinhos
O motivo para a maior parte dos casos de depressão em peixes provavelmente é a falta de estimulação, afirma Victoria Braithwaite, professora de pescarias e biologia da Universidade Penn State: “Estamos descobrindo que peixes são naturalmente curiosos e procuram por novidades”.
Um dos estudos de Brown endossa a fala da especialista, pois mostrou que se um peixe estiver em um ambiente enriquecido e fisicamente complexo — com várias plantas para mordiscar e gaiolas para nadar — seu estresse diminui e o crescimento do cérebro aumenta.
O problema com pequenos aquários, diferente do que se pensa, não é apenas a falta de espaço para a exploração, mas também a qualidade da água que tende a ser instável e pode não ter a quantidade de oxigênio suficiente.
Segundo ele, se seu beta estiver um pouco para baixo (literalmente), o ideal é trocá-lo de recipiente para um aquário de 60 centímetros, aproximadamente. E, ah, deve estar cheio de plantinhas e distrações.
Fonte: Revista Galileu
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