Mussum (Synbranchus marmoratus)

 
Synbranchus marmoratus  Bloch, 1795

Ficha Técnica

Ordem: Synbranchiformes — Família: Synbranchidae (Synbranchídeos)

Nomes Comuns: Mussum — Inglês: Marbled swamp eel

Distribuição: América Central e do Sul

Tamanho Adulto: 150 cm (comum: 60 cm)

Expectativa de Vida: 15 anos +

Comportamento: pacífico, predador

pH: 6.0 a 8.0 — Dureza: indiferente

Temperatura: 22°C a 34°C

Distribuição e habitat

Amplamente distribuído na América Central e América do Sul, desde o sul do México até o norte da Argentina. No Brasil é encontrado praticamente em todas bacias hidrográficas.

Ocorre em lagos, córregos, brejos, pântanos e rios com abundante vegetação aquática e muito pobre em oxigênio dissolvido, podendo sobreviver a longos períodos enterrado na lama. Pode habitar o interior de cavernas, ou tocas nas margens dos rios para se abrigar. Ocasionalmente pode ser encontrado em água salobra.

Nos períodos de seca, o Mussum costuma cavar uma toca em forma de tubo, onde permanece em estado letárgico até o início das chuvas, ou caso surja alguma ameaça. Sua pele libera grande quantidade de muco, e assim se mantém umedecida, enquanto alterações na fisiologia de órgãos como rins e fígado garantem a sobrevivência sem alimentação.

Descrição

Conhecido popularmente por inúmeros nomes como Enguia de água doce, Moçu, Muçu, Muçum, Munsum, Mussum e Peixe cobra.

Possui o corpo sem escamas e uma uma só abertura branquial localizada sob a cabeça. Sua forma serpentiforme lembra uma cobra. Seus olhos são pequenos situados bem à frente da cabeça. Sua coloração vai do cinza-escuro ao castanho, com manchinhas mais escuras esparsas pela cabeça e pelo corpo. Não apresenta nadadeiras peitorais nem pélvicas, e as nadadeiras dorsal e anal se fundem com a caudal.

Sua respiração também é aérea, ou seja, ele pode respirar fora da água, graças à faringe altamente vascularizada, que funciona como um pulmão. Devido a estas características, pode migrar de um corpo d’água para outro próximo, rastejando pelo chão.

Também é desprovido de bexiga natatória, sendo semelhante com os ofídeos (enguias verdadeiras). Outra característica é a água que entra pela boca dos peixes, passa pelas brânquias (que capturam oxigênio para respiração) e sai pelas fendas branquiais. Mas no caso dos Synbranchidae, há apenas uma fenda branquial composta por um orifício ventral, e não duas aberturas laterais, uma em cada lado da cabeça, como estamos acostumados a ver na maioria dos peixes.

Secreta uma grande quantidade de muco, daí seu nome comum “Mussum” origina-se do termo tupi mu’su ou mu’sim, que em português significa “escorregadio”. Sua pele contém muitas glândulas mucosas, o que a torna viscosa, escorregadia e difícil de segurar.

É comumente utilizado como isca para pesca, como a “tuvira” ou sarapó”, Gymnotus carapo (Gymnotidae), e como alimento humano.

Criação em Aquário

Aquário com dimensões mínimas de 150 cm de comprimento e 50 cm de largura desejável.

O substrato deverá ser preferencialmente arenoso ou de granulometria pequena. A decoração deverá ser comporta por refúgios (tocas) onde passará a maior parte de seu tempo.

Comportamento

Embora apresente comportamento pacífico, comerá qualquer peixe que couber em sua boca principalmente no período noturno. É uma das espécies de peixes mais inteligentes para se manter em aquário, podendo interagir com o dono.

Quando bem adaptado costuma “passear” por todo o aquário, não somente pelo fundo, podendo até mesmo ficar com parte de seu corpo para fora da água. Por esta razão mantenha num aquário bem tampado.

Reprodução

Ovíparo. O peixe Mussum, durante o período de reprodução, põe seus ovos em tocas, que servem de ninhos. Cada ninho pode conter até 30 ovos e larvas em diferentes estágios de crescimento, indícios de que este peixe produz múltiplas ninhadas, ao longo da estação reprodutiva. É o macho quem protege a prole.

Apresenta biologia reprodutiva conhecida por protogia. Fêmeas podem mudar de sexo se tornando machos. Esses indivíduos são chamados de machos secundários, enquanto que os machos primários são aqueles que já nasceram deste sexo.

Entre os peixes teleósteos, o gonocorismo ou dimorfismo sexual é uma característica dominante. Porém, hermafroditismo simultâneo, com maior ou menor grau de sincronia e inversão de sexo com maturação sequencial, sucessiva ou não, dos tecidos germinativos masculinos e femininos, e vice-versa, e/ou reversão de sexo são encontrados em várias espécies. A mudança de sexo nos indivíduos adultos envolve a degeneração do tecido gonadal do primeiro sexo e o crescimento e maturação do tecido do sexo oposto, em substituição ao anterior, passando por uma fase de intersexo. Synbranchus marmoratus, como a maioria dos Synbranchidae, é um peixe hermafrodita protogínico diândrico. (Antoneli, 2002)

Dimorfismo Sexual

Não apresenta dimorfismo sexual externamente.

Alimentação

É um peixe carnívoro com preferência a carcinofagia, com hábitos noturnos, alimentando-se de presas vivas, principalmente crustáceos, moluscos e pequenos peixes, mas também insetos, minhocas e materiais vegetais.

Durante a seca a espécie apresentou valores altos no índice médio de repleção, com pico no mês de outubro e o menor valor ocorreu no mês de fevereiro durante o período chuvoso. Synbranchus marmoratus se alimentou de material animal, preferencialmente de camarões (45,21%), material orgânico semi-digerido (23,93%), moluscos (11,56%), peixes (10,93%), insetos (6,25%) e nematóides (2,12%). A espécie em estudo foi caracterizada como carnívoro com preferência a carcinofagia, com maior atividade alimentar durante a estiagem.

Em aquário aceitará alimentos secos e vivos.

EtimologiaSynbranchus; grego, sin, sínfise = crescido juntos + grego, brangchia = brânquia. Em alusão a sua brânquia unificada.

marmoratus: do latim que significa “marmorizado”, em referência ao padrão de cores da espécie.

SinônimosFalconeria aptera, Falconeria pinnata, Synbranchus mercedarius, Symbranchus tigrinus, Symbranchus doeringii, Symbranchus hieronymi, Synbranchus vittatus, Synbranchus vittatus, Synbranchus fuliginosus, Synbranchus pardalis, Unibranchapertura lineata, Synbranchus immaculatus

Referências

  1. Andrea, M., 1971. Contribuiçao ao estudo da biologia e do cariotipo do muçum Synbranchus marmoratus. Ciênc. Cult.
  2. Britski, H.A., K.Z. de S> de Silimon and B.S. Lopes, 2007. Peixes do Pantanal: manual de identificaçäo, 2 ed. re. ampl. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica
  3. Casatti, L., M.A. Pérez-Mayorga, F.R. Carvalho, G.L. Brejão and I.D. da Costa, 2013. The stream fish fauna from the rio Machado basin, Rondônia State, Brazil.
  4. Eduardo, J., P.W. Bicudo and K. Johansen, 1979. Respiratory gas exchange in the airbreathing fish, Synbranchus marmoratus. Environ. Biol. Fish.
  5. Foresti, F., M.I.L.C. Carnieto and W. Nakamoto, 1982. Estudos cromossômicos em populaçoes de Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 (Pisces, Synbranchidae). Ciênc. Cult.
  6. Kullander, S.O., 2003. Family Synbranchidae (Swamp-eels). p. 594-595. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil.
  7. Oyakawa, O.T., A. Akama, K.C. Mautari and J.C. Nolasco, 2006. Peixes de riachos da Mata Atlântica nas Unidades de Conservação do Vale do Rio Ribeira de Iguape no Estado de São Paulo. Editora Neotrópica, São Paulo
  8. Pavanelli, C.S. and E.P. Caramaschi, 1997. Composition of the ichthyofauna of two small tributaries of the Paraná river, Porto Roci, Paraná State, Brazil. Ichthyol. Explor. Freshwat.
  9. Mouzar Benedito (2015). Paca, Tatu, Cutia!: Glossário ilustrado de Tupi. [S.l.]: Editora Melhoramentos. 136 páginas. ISBN 9788506077665
  10. Peixes de água doce do Brasil – Mussum (Synbranchus marmoratus) – CPT Centro de Produções Técnicas
  11. BIOLOGIA ALIMENTAR DO MUSSUM, SYNBRANCHUS MARMORATUS (BLOCH, 1795) (OSTEICHTHYES: SYNBRANCHIDAE) NO AÇUDE MARECHAL DUTRA, LOCALIZADO NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO – Luciana Araújo Montenegro, Daisy Nazareth Ferreira Damasceno, Raimunda Gonçalves Almeida, Sathyabama Chellappa
  12. Antoneli, Fernanda Natalia – Cinetica da inversão de sexo em Synbranchus marmoratus (Teleostei, Synbranchiformes, Synbranchidae)
  13. Bicho da Vez: Muçum (Synbranchus marmoratus) – Museu de Zoologia João Moojen – Universidade de Viçosa MG

Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Novembro/2017
Colaboradores (collaboration): –

Sobre Edson Rechi 879 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários voltou no aquarismo em 2004. Desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra e amazônico comunitário. Atualmente curte ciclídeos e tetras neotropicais, além de peixes primitivos.

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