Classificação
Classe: Actinopterygii • Ordem: Cyprinodontiformes • Família: Anablepidae
Nome binomial: Anableps anableps (Linnaeus, 1758)
Sinônimos: Anableps lineatus, Anableps gronovii, Anableps surinamensis, Anableps tetrophthalmus, Cobitis anableps
Grupo Aquário: Vivíparos, Peixes Água salobra
Nomes comuns
Quatro-olhos, Tariota, Tralhote, Tralhoto • Inglês: Four-eyes, Foureye, Foureyed fish, Largescale foureyes, Striped foureyed fish
Distribuição & habitat
América do Sul; ocorre em grande parte do Noroeste até Nordeste da América do Sul, desde Venezuela até o Delta do Amazonas no Brasil. Encontrado na Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Trinidade e Tobago e Venezuela.
Frequenta diversos habitats, desde rios de água doce até regiões estuarinas (água salobra) como lagoas e mangues. Pode permanecer no fundo da lama exposto a superfície durante a maré baixa. Comumente encontrado em margens rasas durante a maré baixa movendo-se para zonas inundadas quando o nível da água sobe. Segundo Brenner e Krumme (2007), estas migrações diárias estão relacionadas a alimentação, percorrendo desde poucos metros até centenas de metros longe de afluentes principais.
Mapa por Discover Life
Ambiente & parâmetros da água
Demersal; água doce, água salobra • pH: 6.0 – 9.0 • Dureza: indiferente • Clima: tropical; 24°C – 30°C
Tamanho adulto
30 cm (comum 20 cm) • Estimativa de vida: desconhecido
Manutenção em aquário
Aquário com dimensões mínimas de 100 cm X 40 cm X 50 cm (200 litros) requerido. Substrato preferencialmente com uma fina camada de areia com alguns troncos e raízes aéreas simulando um mangue, com partes expostas para fora da água. Deverá manter uma área seca formado por pedras planas ou areia. Plantas não se faz necessário, mas poderá utilizar plantas resistentes como Microsorum e Anubias.
Iluminação deverá ser moderada para a formação de algas e outros microrganismos que servirão de alimento. São ótimos saltadores e assustadiços, portanto deverá tampar bem o aquário. Manter água salobra é recomendado, podendo variar a salinidade entre 1005 a 1015, porém também vivem em água doce. O ideal é variar a salinidade periodicamente simulando seu ambiente natural. Sua criação em aquário é difícil e não recomendado para iniciantes.
Pacífico com outras espécies, mas comerá espécies menores. Deverá ser mantido em pequenos grupos, evitando criá-los com outras espécies de peixes devido suas exigências únicas. Eventualmente poderá ser criado com outros peixes de água salobra como alguns Poecilia spp. Quando mantidos em pequeno número podem se tornar agressivos devido a disputas territoriais ou por fêmeas.
Alimentação
Carnívoro, em seu ambiente natural alimenta-se de peixes pequenos, caranguejos de pequeno porte, insetos e algas diatomáceas. Durante a maré baixa comumente se alimenta de peixes e insetos, durante a maré alta, quando os peixes migram para canais inundados, a maior parte de sua dieta é composta por algas vermelhas. Anfípodes, caramujos, mexilhões e vermes são consumidos secundariamente. Em cativeiro poderão aceitar alimentos secos, porém, deverá fornecer alimentos alternativos como Spirulina, insetos (ex. moscas), artêmias vivas e minhocas periodicamente.
Reprodução e dimorfismo sexual
Vivíparo. Machos e fêmeas possuem os seus órgãos sexuais orientados, ou para a direita, ou para a esquerda. Devido a este facto, os machos destros apenas podem copular com fêmeas sinistras e, vice-versa. Sua reprodução é similar aos poecilídeos, o macho irá agredir a fêmea para ela se prepare para a copulação; através do gonopódio o macho fertilizará a fêmea. Uma vez copulada, o período de gestação poderá durar até 3 meses e cerca de dez alevinos serão liberados posteriormente, os alevinos já nascem nadando.
Fêmeas são maiores que os machos, este último apresenta um gonopódio. A estrutura do gonopódio é um pouco diferente dos poecilídeos, possuindo uma estrutura tubular mais dimensionada.
Galeria de imagens
Descrição
O peixe Quatro-Olhos é um peixe com escamas. Possui o olho dividido em partes aéreas e aquáticas. Cada olho é uma estrutura dupla, que se projeta acima da linha da água. A córnea está dividida por uma banda pigmentada horizontal em uma zona superior, fortemente convexa, e em uma zona inferior, plana. A íris possui duas projeções, que dividem a pupila em duas, a superior, adaptada à visão aérea, e a inferior, adaptada à visão aquática.
Devido a esta notável adaptação, é bastante estudado para fins de pesquisa oftalmológica. Ao contrário do que parece, esta espécie não possui quatro olhos como seu nome comum indica, possui dois olhos e cada um possui uma estrutura dupla como explanado acima.
Um estudo analisou os olhos do peixe e se concentrou nas proteínas sensíveis à luz chamadas opsinas – os pigmentos visuais. Cada uma delas é mais sensível a um determinado comprimento de onda de luz. Seres humanos, por exemplo, tem opsinas sensíveis à luz azul, verde e vermelha. As opsinas absorvem a luz em comprimentos de onda ligeiramente diferentes, permitindo-nos ver essas três cores e as demais.
Os cientistas descobriram que a parte superior dos olhos do Anablepidae – que fica fora da água – possui opsinas sensíveis ao verde. Já a metade inferior é sensível ao amarelo. Todo o olho tem genes sensíveis ao ultravioleta, violeta e à luz azul. O peixe de quatro olhos teria diferentes tipos de opsina para funcionar a partir do tipo de luz disponível em cada ambiente. A água em que ele vive é normalmente barrenta (florestas de mangues no norte da América do Sul) e nesse ambiente a luz amarela é a melhor transmitida.
Esse sistema visual único permite que o peixe evite um fenômeno problemático chamado de “Janela de Snell”, que acontece quando você está submerso na água e olha para fora da superfície. Devido à refração da luz na superfície da água, o campo de visão é limitada em cerca de 96 graus. Depois desse ângulo não é possível ver mais nada além da superfície.
Para compensar o problema, algumas espécies marinhas calculam a refração para encontrar a verdadeira posição de alguns objetos que encontram. Mas os “quatro olhos” conseguem ver com um ângulo mais amplo.
Eles podem ser encontrados tanto em água doce e salobra, aparentemente preferem passar a maior parte de seu tempo em água salobra. Embora encontrado comumente em águas abertas ou descansando sobre rochas localizadas abaixo da superfície da água, eles podem ficar totalmente submerso por um longo período de tempo ou mergulhar para procurar abrigo ou se alimentar. Como passam a maior parte de seu tempo na superfície da água, se tornam presas fáceis para predadores terrestres (aves) e marinhos.
Referências
- Robins, C.R., R.M. Bailey, C.E. Bond, J.R. Brooker, E.A. Lachner, R.N. Lea and W.B. Scott, 1991. World fishes important to North Americans. Exclusive of species from the continental waters of the United States and Canada. Am. Fish. Soc. Spec. Publ. (21):243 p.
- Mills, D. and G. Vevers, 1989. The Tetra encyclopedia of freshwater tropical aquarium fishes. Tetra Press, New Jersey. 208 p.
- Ferreira, A.B.H., 1986. Novo dicionario da lingua Portuguesa. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro. 1838 p.
- Riehl, R. and H.A. Baensch, 1991. Aquarien Atlas. Band. 1. Melle: Mergus, Verlag für Natur-und Heimtierkunde, Germany. 992 p.
- Smith, C.L., 1997. National Audubon Society field guide to tropical marine fishes of the Caribbean, the Gulf of Mexico, Florida, the Bahamas, and Bermuda. Alfred A. Knopf, Inc., New York. 720 p.
- BIOLOGIA REPRODUTIVA DE TRALHOTO, Anableps anableps, NA BAÍA DE SÃO MARCOS, MARANHÃO, BRASIL- Adriana do Nascimento CAVALCANTE 1,2; Nayara Barbosa SANTOS 1,3; Zafira da Silva de ALMEIDA1,4
- Hypescience.com
Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Abril/2014
Colaboradores (collaboration): –
Vi uma grande quantidade deles nas praias de Pacuru,no Ceará.
Sempre em locais próximos a locais com água doce, mas no mar.
São muito rápidos e quando se deslocam parecem estar “correndo”sobre a água.
Sou do município vizinho (Paraipaba). É bastante comum ver eles na beira da praia
Vi uma grande quantidade deles nas praias de Pacuru,no Ceará.
Sempre em locais próximos a locais com água doce, mas no mar.
São muito rápidos e quando se deslocam parecem estar “correndo”sobre a água.
Sou do município vizinho (Paraipaba). É bastante comum ver eles na beira da praia
Os vi na praia peito de moça em Luís correia – PI, em grande quantidade, andam na superfície em cardumes e são muito rápidos.
Em Maracanã, um dos municípios do estado do Pará, onde nasci, quando ainda criança, na década de 60, comi várias espécies de peixes, inclusive tralhotos.
Ali tem uma parte com região de mangue, às margens de rios, inclusive o principal, o rio Maracanã.
Os tralhotos eram pescados à noite, em seu habitat natural, utilizando-se o puçá (petrecho de pesca confeccionado com pequena rede instalada em uma armação em forma de aro). Os pescadores iam em uma canoa a remo e os tralhotos, em cardumes, eram focados com a luz de lanterna e assim ficavam paralisados, sendo então colhidos com o puçá.
Após comer o tralhoto assado na brasa ou cozido, para beber água era preciso dar um tempo, pois, se fosse logo, a água parecia amarga.