O gênero Satanoperca e a lenda de Jurupari

JURUPARI, é um nome indígena que significa o sono, o pesadelo; sendo um espírito indígena que entra nos corpos de animais à noite e persegue caçadores em meio a floresta.

 

Adaptado e traduzido por Ricardo Britzke

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Jurupari, uma derivação da palavra “Juruparipindi” de origem Tupi significa “Demônio da Floresta”.

São várias lendas que existem sobre Jurupari, essas variam de acordo com as diversas tribos da região amazônica.

Na maioria dos casos, JURUPARI, é um nome indígena que significa o sono, o pesadelo; sendo um espírito indígena que entra nos corpos de animais à noite e persegue caçadores em meio a floresta. Segundo os índios, ele segura a garganta das pessoas para que elas não gritem de medo enquanto ele as faz terem sonhos horríveis também.

Gênero Satanoperca

O gênero Satanoperca definido por Günther 1862, foi ressuscitado por Kullander em 1986 para abrigar algumas espécies anteriormente pertencentes ao gênero Geophagus, que possuem o nariz longo. A espécie tipo do gênero é Satonaperca daemon. Atualmente a o gênero apresenta sete espécies válidas, sendo elas: Satanoperca acuticeps, Satanoperca daemon, Satanoperca jurupari, Satanoperca leucosticta, Satanoperca lilith, Satanoperca mapiritensis e Satanoperca pappaterra. O nome Satanoperca deriva do grego Satan (demônio) e perca (peixe), que significa peixe do demônio. Os espécimes deste gênero possuem como adaptação um nariz longo e boca protáctil, sendo conhecidos popularmente como “Papaterra” ou “Eartheater”

  • Satanoperca jurupari Heckel 1840

Satanoperca jurupari in the aquarium of Radek Bednarczuk, Poland

Descrição original: Geophagus jurupari.

Heckel, J.J.; 1840; “Johann Natterer’s neue Flussfische Brasilien’s nach den Beobachtungen und Mittheilungen des Entdeckers beschrieben (Erste Abtheilung, Die Labroiden)”; Annalen des Wiener Museums der Naturgeschichte; pp 325-471.

Etimologia: Jurupari é o nome do demônio da floresta da lingua Tupi na bacia amazônica, e como este peixes é identificado.

Descrito por Heckel em 1840, esta espécie pertencia às coleções feitas por Johann Natterer nas expedições feitas ao Brasil. O específico nome, Jurupari, é uma derivação da palavra “Juruparipindi,” de origem Tupi, que significa “Demônio da Floresta”, sendo este peixe conhecido pelos nativos como Juruparipindi, conforme os relatos de Natterer. Nenhuma outra explicação é fornecida por Heckel na descrição desta espécie, mas os indios temiam adentrar na selva profunda depois do anoitecer, e acreditavam que o demônio Juruparipindi, poderia assumir formas de diversos animais, e atacar caçadores inconscientes. Apresenta uma chamativa coloração, com tons em verde esmeralda e cobre. Seus olhos parecem ter em seu interior uma cor laranja que se destaca em locais com pouca iluminação.

  • Satanoperca daemon Heckel 1840

Descrição original: Geophagus daemon.

Heckel, J.J.; 1840; “Johann Natterer’s neue Flussfische Brasilien’s nach den Beobachtungen und Mittheilungen des Entdeckers beschrieben (Erste Abtheilung, Die Labroiden)”; Annalen des Wiener Museums der Naturgeschichte; pp 325-471.

Etimologia: daemon = espírito do mal, demônio, diabo.

Satanoperca daemon também foi descrito por Heckel a partir dos espécimes da coleção de Natterer. Embora a língua Tupi também se referisse do mesmo modo a este peixe como o “Juruparipindi,” Heckel observou varias diferenças em sua coloração e descreveu-as como uma segunda espécie. Superficialmente, o S. daemon e S. jurupari são similares na aparência, mas existem diversas diferenças. Em S. daemon, os últimos cinco raios da barbatana dorsal apresentam filamentos negros que ultrapassam a nadadeira caudal. A mancha do pedúnculo caudal de S. daemon; é maior, mais escura e rodeada em branco, alem de outras duas encontrados no corpo. Sua cor de fundo é dourado-prateado, com três pontos marcados ao longo do corpo, sendo dois no corpo e um próximo ao pedúnculo caudal. Esta última é escura e rodeada em azul anil e branco. Os últimos cinco raios da barbatana dorsal apresentam filamentos negros que ultrapassam a nadadeira caudal.

  • Satanoperca acuticeps Heckel 1840

sacuticeps

Descrição original: Geophagus acuticeps.

Heckel, J.J.; 1840; “Johann Natterer’s neue Flussfische Brasilien’s nach den Beobachtungen und Mittheilungen des Entdeckers beschrieben (Erste Abtheilung, Die Labroiden)”; Annalen des Wiener Museums der Naturgeschichte; pp 325-471.

Etimologia: acutus = afilado, abrupto, aguçado (Latim) + ceps = cabeça (Latim); referindo-se ao seu perfil com cabeça afilada.

Satanoperca acuticeps foi o terceiro geophagine descrito por Heckel (l840) na coleção de Natterer. Apresentam a coloração de fundo dourada, com faixas escuras nos flancos que são apenas visíveis de acordo com o estado do peixe. Apresenta um ocelo negro na parte superior do pedúnculo caudal.

  • Satanoperca lilith Kullander & Ferreira, 1988

Satanoperca lilith-

Descrição original: Satanoperca lilith.

Kullander, Sven O. & E. J. G. Ferreira; 1988; “A new Satanopercaspecies (Teleostei, Cichlidae) from the Amazon River basin in Brazil”; Cybium; pp. 343-355.

Etimologia: Lilith se refere a primeira esposa de Adam.

Apresenta coloração de fundo dourada, com dois ocelos no corpo, um no meio deste e outro na parte superior do pedúnculo caudal. Possui na parte inferior da nadadeira caudal, uma coloração vermelha, assim como na anal.

  • Satanoperca mapiritensis Fernández-Yépez, 1950

Satanoperca mapiritensis

Descrição original: Geophagus mapiritensis.

Fernández Yépez, Agustin; 1950; “Notas sobre la fauna ictiológica de Venezuela”; Memorias de la Sociedad de Ciencias Naturales La Salle ; v. 10 pp. 111-118.

Etimologia: De acordo com a localidade tipo

  • Satanoperca pappaterra Heckel, 1840

Descrição original: Geophagus pappaterra.

Heckel, J.J.; 1840; “Johann Natterer’s neue Flussfische Brasilien’s nach den Beobachtungen und Mittheilungen des Entdeckers beschrieben (Erste Abtheilung, Die Labroiden)”; Annalen des Wiener Museums der Naturgeschichte; pp 325-471.

Localidade tipo: Rio Guaporé, Mato Grosso, Brazil.

Apresenta coloração de fundo dourada-prateada. S. pappaterra caracteriza-se por apresentar uma faixa negra lateral no centro do corpo, que normalmente aparece interrompida. Abaixo a nadadeira dorsal apresenta de 5 a 7 pontos de forma quadrada que se estendem em forma de barras verticais.

  • Satanoperca leucosticta (Müller & Troschel, 1849)

Satanoperca leucosticta

Descrição original: Geophagus leucostictus.

Müller, J. & F. H. Troschel; 1849; “Fische”; Reisen in Britisch-Guiana in den Jahren 1840-44 Im Auftrag Sr. Mäjestat des Königs von Preussen ausgeführt von Richard Schomburgk.; pp. 618-644.

Etimologia: leucos = branco (grego); sticktos = pontos (grego), em refrencia aos pontos brancos no corpo.

Fontes:

  1. TFH Magazine
  2. The Cichlids Roon Company
  3. Fotos: The Cichlids Ronon Company
  4. Hygen Ltda.
Sobre Ricardo Britzke 3 Artigos
Natural de Jundiaí e aquarista desde 1991. É biólogo e possui mestrado e doutorado em Zoologia, com ênfase em taxonomia e sistemática de peixes neotropicais, trabalhando principalmente com ciclídeos, tetras e peixes anuais. Já manteve diversos tipos de aquários, mas atualmente prefere aquários do tipo Amazônico.

2 Comentário

  1. achei uma publicação de um Jurupari azul mas nunca consegui muitas informações sobre ele, e nem tive mais támbém gostaria de saber se é montagem sei lá. poso mandar imagem se alguém quiser

     

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