Por Renato Moterani
Esse é um assunto ainda muito polêmico no aquarismo, principalmente entre os jumbistas.
Mas o que é esse treco de Bioética?
Bioética é, por definição, o estudo dos problemas e implicações morais despertados pelas pesquisas científicas em biologia e medicina. Apesar de esse termo ser usado para o meio científico, podemos adaptar o conceito para o aquarismo também.
E o que seria a Bioética aplicada ao aquarismo?
É o respeito com que tratamos os animais que temos sob nossa posse, mesmo quando esses animais são destinados à alimentação.
Aqui começa o problema…
Nós jumbistas, na maioria das vezes, temos peixes predadores em nossos aquários. É natural que façam aquilo para o qual foram criados, matem para se alimentar. Isso não é errado, alias, na natureza não existe certo ou errado, não existe crueldade, maldade, compaixão nem misericórdia.
Por mais que um animal pareça cruel em sua forma de abater uma presa, ele não faz isso de forma intencional, ele faz isso da forma como sabe, da forma como pode.
Mas em aquário, podemos evitar sofrimento desnecessário a essas presas, um exemplo clássico disso que digo são as piranhas.
Na natureza elas se alimentam de peixes maiores que elas, que são feitos em pedaços por seus dentes afiados, devorados pedacinho por pedacinho numa lenta agonia. Em aquário não há razão de submeter um animal, seja peixe ou roedor, como é mostrado em muitos vídeos no youtube, a esse sofrimento todo.
Podemos abater o animal a ser usado como alimento de forma rápida e com o menor sofrimento possível para ele e depois joga-lo aos peixes, que irão comer da mesma forma.
Vejam bem, precisamos separar algumas coisas.
Eu desde criança fui apaixonado por predadores, sempre fui fascinado por sua forma de caçar, a evolução em sua forma máxima. Mas sempre aquilo que me encantava era a caçada, a estratégia de cada espécie e como agem com cada tipo de presa.
Infelizmente nesse processo outra vida é perdida, vida essa não menos importante que a do predador.
Ter prazer em ver um animal morrendo é muito diferente de apreciar um predador em ação.
E por que estou escrevendo esse artigo?
Por uma razão bem simples.
O sofrimento animal é um tema cada dia mais presente no meio científico e no cotidiano, em zoológicos hoje em dia não se usa mais mamíferos ou aves vivos para alimentar outros animais, onde trabalho, no Instituto Butantan, as serpentes são alimentadas com roedores previamente abatidos, seguindo as normas éticas vigentes no Brasil.
Não pensem que o aquarismo está fora dessa questão, na Inglaterra, por exemplo, já é proibido o uso de peixes vivos para alimentar outros peixes.
Aqui no Brasil não temos leis ou regras que regulem essa prática, mas acredito que precisamos ter bom senso.
Sei que em muitos casos é preciso usar alimento vivo, eu mesmo utilizo às vezes. Mas precisamos ser um pouco mais sensíveis.
Para muitas pessoas, aqueles peixes que utilizamos de alimento são seus animais de estimação.
Sim, um kinguio, espada ou lips tem a mesma importância que seu óscar ou seu tucunaré e é preciso que sejam tratados com respeito já que irão dar sua vida para alimentar nosso peixe.
Por isso evito ao máximo postar vídeos onde haja alimentação viva, por todas as pessoas que gostam desses peixes e que podem se sentir incomodadas com as cenas. Da mesma forma sacrifico previamente aqueles animais que podem ser submetidos a sofrimento excessivo.
Não pessoal, isso não é mimimi, não é frescura, nem nada do tipo, é apenas RESPEITO com os animais e também com demais aquaristas.
Lembro-me de um desses vídeos onde um óscar é jogado para alimentar um cardume de piranhas, esse vídeo foi muito criticado, apenas por que o peixe que foi usado era um óscar, da mesma forma a imensa maioria das pessoas se revolta com as imagens de chineses abatendo cachorros para servir de alimento. No fundo, se trata de uma vida, não importa se um peixe dessa espécie ou da outra.
No caso dos cachorros mesmo, isso é um hábito alimentar deles, da mesma forma o fato de nós comermos carne bovina pode incomodar os hindus, que consideram esse animal sagrado.
Resumindo essa história toda pessoal
Quer usar peixes vivos como alimento para seus jumbos? Pode usar, mas trate esses peixes com o devido respeito, eles sentem dor e, apesar de não ter a consciência da morte que nós temos, eles reconhecem o perigo e tentam escapar, não os submetam a sofrimento desnecessário.
Quer ter o respeito dos demais aquaristas? Não divulgue imagens chocantes, pense sempre como se você fosse a outra pessoa, se alguém postasse um vídeo mostrando um tucunaré igual ao seu sendo filetado vivo para servir de sashimi, como você se sentiria?
É possível a convivência entre todas as tribos desde haja o respeito, hoje tenho amigas que são apaixonadas por kinguios e que, mesmo sabendo que às vezes uso esses peixes como alimento para os meus, assistem meus vídeos e leem minhas postagens, pois sabem desse respeito que tenho com os gordos.
Nunca se esqueçam, no fundo… #somostodosaquaristas
Respeito quem gosta deste tipo de peixe, e acho lindos na natureza, jamais teria em um ambiente controlado e fechado tendo que dar alimento vivo, a não ser que este fosse larvas de bloodworm, cupim alado, moscas etc, agora dar outro peixe vivo como alimento eu não concordo e não tenho coragem, na natureza eles ainda possuem alguma chance de fuga ou esconderijo já num aquário nenhuma, essa é minha opinião e acho cruel quem posta vídeo na internet mostrando estas cenas.
Ninguém liga para dáfnias e artemias. Porém se não fossem alimentos vivos quantas pessoas as criariam?