Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que os alertas de desmatamento na Amazônia bateram recorde no primeiro trimestre de 2020. Entre janeiro e março, foram registradas atividades ilegais em uma área de 796,08 km², um aumento de 51,4% em relação a 2019. Em 2018 eram 685,48 km²; em 2017, 233,64 km² e, em 2016, 643,83 km². Este crescimento deve preocupar a comunidade da pesca. Isto porque um estudo da Universidade de São Paulo revelou um severo impacto no tamanho dos peixes amazônicos que vivem nas áreas de degradação.
O estudo conduzido por pesquisadores da USP e publicado na revista científica PLOS One em 2018 revelou que o desmatamento na Amazônia aumenta em até 6°C a temperatura média dos riachos de cabeceira. Isto impacta na perda de massa dos peixes, com possibilidade de uma redução de até 16 %.
“A copa das árvores intercepta, bloqueia e reflete a radiação solar incidente. Uma vez que você remove a floresta, o que ocorre é que a radiação solar incide diretamente sobre o solo e sobre a superfície da água”, explica o biólogo Luís Schiesari, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e um dos autores do estudo.
A comunidade científica já conhecia a relação entre desmatamento e aquecimento de rios e córregos. Também tinha conhecimento sobre a relação entre águas mais quentes e redução do tamanho corpóreo dos organismos. A novidade então apresentada pela pesquisa da USP foi o cruzamento de dados sobre a redução do tamanho dos peixes com dados ambientais locais.
Com o aumento do desmatamento, o risco dos peixes diminuírem de tamanho cresce a cada dia. Segundo Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o cenário futuro não é animador.
“Houve uma redução de fiscalização e do discurso político contra a proteção ambiental. Além disso, em dezembro de 2019, foi editada Medida Provisória (910/2019) que dá mais benefícios para invasores de terras públicas (grilagem). Assim, a expectativa de desmatar e lucrar aumenta e estimula o desmatamento”, avalia, em entrevista ao site G1.
A Amazônia é um dos locais mais visitados por pescadores brasileiros. O tucunaré pode ser considerado o peixe mais procurado. Somente no Amazonas existe uma projeção que o turismo da pesca injete cerca de R$ 300 milhões na economia local e que pelo menos 20 mil pessoas visitam as cidades com vocação para pesca por ano. Este ano, por conta da pandemia, ainda não se sabe quais serão os impactos no estado, uma vez que a temporada de pesca esportiva vai começar em setembro.
Fonte: Jornal da USP
Publicado em Maio/2020
Pq a USP ao invés da UFAM endossa tais dados?
Tente ver diretamente com eles, apenas repliquei a notícia e citei a fonte.