Um novo estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriu que um peixe tropical pode distinguir rostos humanos. Esta é a primeira vez que tal capacidade tem sido observada neste animal.
Tarefa difícil
Reconhecer rostos humanos não é uma tarefa simples. Como quase todos têm os mesmos atributos básicos, reconhecer um requer notar sutis diferenças em características faciais.
De fato, pesquisas anteriores mostraram que um seleto grupo de animais – incluindo cavalos, vacas, cães e algumas aves como pombos – pode concluir essa tarefa com êxito.
Todos estes animais possuem um neocórtex, ou uma estrutura semelhante. O neocórtex é uma parte do cérebro que contém uma região de processamento visual, bem como o giro fusiforme, que parece estar fortemente envolvido no processamento facial.
Além disso, são animais domesticados e podem, como resultado, ter experimentado pressão evolutiva para reconhecer seus cuidadores humanos.
Treinando peixes
Para ver se um animal com um cérebro mais simples – sem neocórtex – poderia reconhecer rostos, os pesquisadores se voltaram para o peixe da espécie Toxotes chatareus. Ele é conhecido por depender da visão para detectar suas presas, animais voadores como insetos, em seguida cuspindo jatos de água para derrubá-las.
O zoologista Cait Newport e seus colegas treinaram os peixes a selecionar a imagem “correta” de um rosto humano na tela do computador acima do seu aquário, cuspindo um jato de água em direção a ela.
“Leva tempo para treinar peixes, mas é muito semelhante a treinar um cão. Você pode treinar um cão a sentar-se dando-lhe um biscoito a cada vez que se senta. Da mesma forma, este peixe naturalmente cospe em coisas em seu ambiente, e podemos reforçar este comportamento natural alimentando-o quando ele atinge a imagem que queremos”, explica Newport.
Quando a face humana na qual os peixes aprenderam a cuspir foi colocada ao lado de 44 rostos desconhecidos, os animais cuspiram na imagem certa 81% do tempo, em média. Mesmo quando os pesquisadores padronizaram características faciais mais óbvias, como formato da cabeça, e usaram imagens em preto-e-branco, os peixes ainda acertaram o rosto cerca de 86% do tempo.
Implicações
A descoberta sugere que um cérebro sofisticado não é necessário para reconhecer rostos humanos.
No entanto, os peixes provavelmente não processam esses rostos da mesma forma que nós fazemos. Quando reconhecemos um rosto humano, também reunimos toda uma série de outras informações, como o sexo de uma pessoa, sua idade ou sua saúde.
Os peixes não fazem o mesmo. Em vez disso, é provável que eles apenas tenham aprendido uma tarefa complexa de discriminação. Ou seja, o animal não deve recolher informação facial complexa, mas seus pequenos cérebros podem discriminar padrões complexos.
“Porque eles foram capazes de distinguir um rosto de tantos outros, isso significa que eles tiveram que usar características relativamente complexas como pistas”, disse Newport.
Além disso, os peixes lembravam dos rostos. “O fato de que fomos capazes de treinar os peixes mostra que eles têm uma memória impressionante para imagens detalhadas, que duram muito mais do que 3 segundos”, acrescentou o zoologista.
Fonte: Hypescience / Original poderá ser visto em Live science
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