Peixes comedores de algas

 

Autor: Edson Rechi – Janeiro/2005 – Atualização Dezembro/2014

Introdução:

Em todo e qualquer tipo de aquário poderá surgir algas, seja um aquário plantado, marinho, comunitário ou mesmo de ciclídeos africanos. Em um aquário equilibrado normalmente são controladas por peixes consumidores de algas ou através da remoção manual durante a manutenção do aquário.

Há também algas que indicam a má qualidade da água por alguma razão, ou ainda determinada tipo de alga que infestou o tanque arruinando sua estética. Mas nem todas as algas no aquário são ruins, uma pequena quantidade é inevitável onde há água, luz e nutrientes. O controle ou a prevenção é o ponto chave para controlá-las e muitas vezes os peixes comedores de algas podem ser importantes aliados no combate a temidas algas.

Este artigo não visa definir os tipos de algas e os motivos de seu surgimento e sim uma pequena introdução sobre os peixes que se alimentam de algas, ajudando de certa forma em seu controle.

Aplica-se a estes peixes verdadeiros milagres que fazem na manutenção de tanques afetados por algas. Esta aplicação em parte é incorreta, não fazem milagres! Apenas ajudam no controle, algumas vezes eficientemente, outras nem tanto.

Um fator muito comum de ocorrer é o surgimento de algas em aquários recém-montados ou que apresentem instabilidade constante nos parâmetros da água. Infelizmente, esta situação pode ser comum devido a alterações químicas que ocorrem na água e o sistema biológico não estar estabelecido, portanto, evite inserir peixes algueiros nesta fase, uma vez que muitas das espécies não toleram alterações bruscas nos parâmetros da água. Neste período é recomendada a introdução plantas de crescimento rápido para consumir o excesso de nutrientes e competir com as temidas algas e inserir os primeiros peixes algueiros, ou outros peixes, somente depois que o ciclo se completar.

Partindo de um principio onde temos um tanque equilibrado, estes peixes se tornam um bom aliado no controle de algas.

Atente também que com o fornecimento regular de rações, o peixe algueiro poderá perder a sina por algas e acabe apenas se alimentando de rações, deixando para segundo plano sua função a qual foi destinado. O fornecimento secundário de verduras e legumes serão bem vindo como fonte alimentar, lembrando que verduras e legumes tendem a “putrificar” no tanque comprometendo a qualidade da água, devendo ser retirado em no máximo 12h. Uma dica é fornecer estes alimentos alternativos ao apagar as luzes e retirar na manhã seguinte.

Espécies, definições e exigências:

Cascudo / Plecos

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Nome Popular: Cascudo / Plecos *
Nome Científico: Ancistrus sp. / Hypostomus sp.
Família: Loricariidae
Origem: América do Sul
Tamanho Adulto: Variável de acordo com a espécie *
Definição: Em geral comem algas marrons e verdes; interessante incluir em sua dieta alimentos frescos como pepino, batata e ervilha. Dependendo da espécie poderá crescer muito e desenraizar plantas.
* “Plecos” é a definição de peixes que possuem sua boca em forma de ventosa… Em geral é sempre ideal possuir um tronco no tanque, para satisfazer sua necessidade por celulose.

Comedor de algas chinês (CAE)

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Nome Popular: Comedor de Algas Chinês – CAE
Nome Científico: Gyrinocheilus aymonieri
Família: Gyrinocheilidae
Origem: Sudeste Asiático
Tamanho Adulto: 25cm
Definição: Ótimo comedor de algas em geral, podendo ser menos propenso a comer algas depois de adulto; pode-se tornar agressivo quando atinge a maturidade sexual e costuma não tolerar a presença de outro CAE no mesmo espaço; peixe muito ativo poderá vir atacar muco de outros peixes se a alimentação for precária.

Comedor de algas siamês (SAE)

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Nome Popular: Comedor de Algas Siamês – SAE
Nome Científico: Crossocheilus siamensis
Família: Cyprinidae
Origem: Sudeste Asiático
Tamanho Adulto: 15cm
Definição: Considerado um dos melhores comedores de algas, entre elas filamentosas, marrons e verdes; confundido frequentemente com outros comedores de algas** (** ver abaixo a distinção correta).

** Características que diferem o SAE dos demais Algae Eaters:

O SAE (Crossocheilus siamensis) é quase branco em sua tonalidade e é dividido por uma linha negra desde sua boca até o final da cauda, Crossocheilus obonglus é bastante similar, porém a linha negra não ultrapassa a nadadeira caudal. Outro similar é o Flying Fox (Epalzeorhynchos kalopterus), que possui a mesma linha negra onde esta é acompanhada por outra amarela. Já os Comedores de algas Chineses é fácil a distinção,uma vez que possui sua boca em forma de ventosa.

Labeo bicolor

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Nome Popular: Labeo Bicolor
Nome Científico: Epalzeorhynchus bicolor
Família: Cyprinidae
Origem: Tailândia
Tamanho Adulto: 15cm
Definição: Peixe de personalidade forte, costumam ser territorialistas com outros peixes e não tolerar outro exemplar da mesma espécie no mesmo espaço; é um regular comedor de algas que geralmente ficam espalhadas pelas plantas, troncos e vidros; outras variedades de Labeos como os populares Frenatus e Negro desempenham igualmente a mesma função.

Flying Fox

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Nome Popular: Comedor Algas Flying Fox / Raposa Voadora
Nome Científico: Epalzeorhynchus kallopterus
Família: Cyprinidae
Origem: Sudeste Asiático
Tamanho Adulto: 13 cm
Definição: Regular comedor de algas em geral, é um peixe muito ativo; ao contrário dos CAE e SAE, costumam ser mais tolerantes com a presença de outros exemplares da mesma espécie.

Limpa-vidro / Otto

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Nome Popular: Limpa-vidro / Otto
Nome Científico: Otocinclus sp.
Família: Loricariidae
Origem: Sudeste do Brasil
Tamanho Adulto: 4cm
Definição: Regular comedor de algas, principalmente marrons e verdes; são peixes ideais para diversos tipos de tanques devido seu tamanho reduzido. Sua climatização inicial poderá ser difícil, opte por um pequeno cardume e insira-os de uma só vez usando base de 1 exemplar para cada 20L. Citações indicam que alguns são ávidos comedores de muco, mas infelizmente, não existe uma forma de distinguir Ottos atacantes dos comuns, requer muita observação.

Molinésia

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Nome Popular: Molinésia / Molly
Nome Científico: Poecilia latipinna
Família: Poeciliidae
Origem: América do Norte e México
Tamanho Adulto: 10cm
Definição: São bons comedores de algas. Comumente fica “beliscando” as plantas a procura de algas, mas sem danificá-las. Peixe muito utilizado durante a ciclagem do aquário (incorretamente) no combate a algas e são ávidas consumidoras, desde que não as alimente inicialmente, mas muito cuidado para não deixa-las morrer de fome, observação é o ponto chave.

Peixe galho

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Nome Popular: Peixe galho
Nome Científico: Farlowella sp.
Família: Loricariidae
Origem: Bacia Amazônica
Tamanho Adulto: 15cm
Definição: Regular comedor de algas, principalmente verdes, sua dieta deverá ser complementada com pepinos, abobrinhas e ervilha. Sensíveis à qualidade da água, especificamente a Farlowella gracilis ficarão muito grandes para aquários plantados, danificando as plantas, demais espécies não crescem tanto.

Comedor de Algas Imperial

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Nome Popular: Comedor de Algas Imperial
Nome Científico: Crossocheilus latius
Família: Cyprinidae
Origem: Sudeste Asiático
Tamanho Adulto: 10 cm
Definição: Considerado um dos melhores comedores de algas, ideal para tanques de Ciclídeos Africanos; peixe difícil de ser mantido e muito exigente, não indicado para principiantes. Raramente encontrado a venda nas lojas.

Borboleta mexicana

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Nome Popular: Borboleta Mexicana / Butterfly splitfin
Nome Científico: Ameca splendens
Família: Goodeidae
Origem: México
Tamanho Adulto: 8 cm
Definição: Regular comedor de algas em geral; peixe muito robusto; se adapta facilmente a diversos tipos de água.

Jordanela Florida

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Nome Popular: Jordanela Florida
Nome Científico: Jordanella floridae
Família: Cyprinodontidae
Origem: América Central
Tamanho Adulto: 5 cm
Definição: Apesar de poucos definirem como um peixe algueiro, dão uma bela ajuda no combate de algas em geral; costumam beliscar algumas plantas; apesar de se adaptarem facilmente em pH ácido, não irão mostrar todas suas cores neste pH.

Embora o foco do artigo seja relacionado a peixes algueiros, alguns invertebrados também são havidos consumidores de algas, entre os mais comuns estão:

Ampulária / Pomácea / Aruá

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Nome Popular: Ampulária / Pomácea / Aruá
Nome Científico: Pomacea bridgesi
Família: Ampullariidae
Origem: América do Sul
Tamanho Adulto: 15 cm
Definição: Existem inúmeros gêneros, entre o mais comum no Brasil está o gênero Pomacea; a Pomacea bridgesi é um dos poucos que podem ser mantidos em tanques plantados sem causar grandes danos as plantas; bons algueiros, comem além de algas, folhas mortas, restos de alimentos e peixes mortos; entre outros. Entre os mais populares também estão a Pomacea canaliculata e Pomacea paludosa, estas duas são havidas devoradas de algumas plantas.

Neritina Zebra

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Nome Popular: Neritina Zebra
Nome Científico: Neritina natalensis
Família: Neritinidae
Origem: África do Sul
Tamanho Adulto: 2 cm
Definição: Vantagem de apresentarem tamanho diminuto e serem regulares algueiros, apesar de aceitarem submersão em tanques de pH ácido, com o tempo tende a ocorrer danificações em sua concha a médio/longo prazo se mantido nesta faixa de pH.

Camarões em geral

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Alguns camarões são bons algueiros, como o Caridina japonica (Camarão Takashi Amano), Camarões Abelhas, Neocaridina “Red Crystal” e Macrobachium lar. Estes invertebrados trabalham decentemente entre rochas e plantas alimentando-se eficazmente de restos de rações e algas. Deve-se atentar a qualidade da água, são sensíveis e evitar colocar com peixes maiores, já que poderão virar alimento.

Conclusões finais

Qualquer aquário está suscetível a aparecer algas.  Os peixes e invertebrados citados neste artigo podem ser adicionados ao tanque para ajudar em seu controle, porém jamais como solução definitiva para erradicação completa, ou seja, são seres coadjuvantes no controle de algas. O melhor a se fazer é controlá-las através da prevenção, aliado a ajuda destes animais.

Sobre Edson Rechi 879 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários voltou no aquarismo em 2004. Desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra e amazônico comunitário. Atualmente curte ciclídeos e tetras neotropicais, além de peixes primitivos.

6 Comentário

  1. Olá,

    Vou voltar a ligar meu Aquario depois de limpar todo ele e trocar umas partes depois de todos os peixes se comerem, sobrar um e este morreu depois, lamentável e custoso.
    Fui instruído pela pessoa que me vendeu o aquário a colocar ciclídeos africanos, gostaria de saber qual comedor de alga poderia colocar junto e se há um tipo específico de C Africano que não vão brigar entre eles e com os comedores de alga, por favor. Minha filha agradece também.

     
  2. Tenho uma cascata artificial com água de rede e chuva. Posso colocar os Comialgas ?
    Eles sobrevivem independentemente das condições da água e temperatura externa?
    Qual o tipo recomendado?

     
    • Cada um possui uma exigência com relação aos parâmetros da água. De uma pesquisada no site e verá quais as exigências. Quanto a água da rede, ela tem que ser tratada para a retirada do cloro antes.

       

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