Proteus anguinus (Laurenti, 1768)
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Ficha Técnica
Ordem: Caudata — Família: Proteidae (Proteídeos)
Nomes Comuns: Proteus, Olm
Distribuição: Sul da Europa
Tamanho Adulto: 40 cm (comum: 30 cm)
Expectativa de Vida: 60 anos +
Comportamento: pacífico
pH: indiferente — Dureza: indiferente
Temperatura: 5°C a 15°C
Distribuição e habitat
A espécie está restrita a habitats aquáticos subterrâneos dentro dos Alpes Dináricos (sul da Europa), que vão desde o sul da Eslovénia e do nordeste adjacente à Itália através da Croácia costeira e regiões cársticas da Bósnia e Herzegovina. Ainda não foi oficialmente registrada na parte ocidental do Montenegro, apesar da considerável evidência anedótica de sua presença (Kalezic e Dzukic, 2001).
Introduzido numa caverna do laboratório subterrâneo do CNRS França nos Pirenéus (C. Miaud comm. Pers.), E uma das populações italianas do nordeste (na área de Vicenza) foi introduzida no 1800s ( P. Edgar comm. Pers.).
A espécie geralmente ocorre em grandes sistemas aquáticos subterrâneos de karst formados em rochas calcárias e dolomíticas, e pode ser encontrado nas entradas das cavernas (especialmente durante os episódios de chuvas e inundações) e de minas abandonadas. Muitas das cavernas que a espécie ocorre dentro estão ligadas aos rios que funcionam acima da terra para os primeiros 50-100km e então desaparecem na terra. Populações podem ser encontradas perto da superfície ou até 300 metros abaixo do solo, dependendo da espessura da formação cárstica. A espécie é encontrada em águas que variam de 5 ° C a 15 ° C.
Descrição
O proteus (Proteus anguinus) é um anfíbio cego endêmico às águas subterrâneas das cavernas dos carstes dináricos do sul da Europa. O seu habitat inclui as águas que fluem debaixo do solo através da extensa região calcária.
Ao contrário da maior parte dos anfíbios, o proteus é exclusivamente aquático e come, dorme e reproduz-se debaixo de água, retendo características larvares tais como brânquias externas durante a fase adulta.
É a única espécie no seu gênero, Proteus, o único representante europeu da família Proteidae, e o único Cordado europeu que habita exclusivamente nas zonas sem luz de cavernas. É por vezes chamado de peixe humano pelos habitantes locais devido à parecença da sua pele com a dos humanos, assim como salamandra das cavernas ou salamandra branca.
O seu corpo é coberto por uma fina camada de pele, que contém muito pouco do pigmento riboflavina,[4] o que lhe dá uma cor amarelo-esbranquiçada ou rosada.[2] No abdómen, são visíveis, por transparência, os órgãos internos. A semelhança na cor da pele com a dos humanos é a razão pela qual o proteus é chamado peixe humano em algumas línguas.
No entanto, a pele do proteus retém a capacidade de produzir melanina. Quando exposta à luz, fica progressivamente mais escura, e em alguns casos, as larvas também são coloridas.
A característica mais notável desta espécie a sua adaptação a uma vida em escuridão completa no seu habitat subterrâneo. Os olhos do proteus são subdesenvolvidos, tornando-os cegos, enquanto que os seus outros sentidos, particularmente o olfato e a audição, são bastante desenvolvidos. Não tem nenhuma pigmentação na sua pele.
O proteus respira através de brânquias externas que formam dois tufos ramificado na parte de trás da cabeça. Tem a cor avermelhada porque o sangue oxigenado aparece através da pele não pigmentada. O proteu tem pulmões rudimentares, mas o seu papel na respiração é meramente acessório.
Animais que habitam em cavernas sofrem pressão para, além de outras adaptações, desenvolver e melhorar sistemas sensoriais não-visuais para conseguirem se orientar e adaptar a ambientes permanentemente escuros. O sistema sensorial do proteus também é adaptado à vida em ambientes aquáticos subterrâneos. Sem poder usar a sua visão para orientação, o proteus compensa com os outros sentidos, que são mais desenvolvidos do que em anfíbios que vivem à superfície. Eles retêm proporções semelhantes às larvas, com o corpo comprido e esguio e uma cabeça larga e achatada, sendo assim capaz de ter muitos receptores sensoriais.
O proteus é o símbolo da biodiversidade eslovena. O entusiasmo de cientistas e do público em geral acerca deste habitante das cavernas eslovenas é ainda forte 300 anos depois da sua descoberta.
As principais ameaças a esta espécie são as mudanças nas terras florestadas e pastoris acima dos sistemas subterrâneos, em grande parte por causa do turismo, das mudanças econômicas e da crescente poluição da água. Essas mudanças têm uma influência direta na qualidade do habitat disponível para a espécie. A espécie é altamente dependente de água limpa e, portanto, é muito suscetível à poluição. Outras ameaças localizadas para esta espécie podem incluir captação de água e esquemas hidrelétricos.
Criação em Aquário
Sua criação em aquário é inapropriada dada suas necessidades bastante peculiares. Há algumas coleções ilegais desta espécie para o comércio do animal de estimação, mas a extensão disto é desconhecida.
Comportamento
São animais sociais e normalmente juntam-se ou debaixo de pedras ou em fissuras. Machos sexualmente ativos são uma excepção, estabelecendo e defendendo territórios onde atraem fêmeas. A escassez de comida faz com que lutas sejam energeticamente dispendiosas, por isso encontros entre machos normalmente envolvem exibição. Este comportamento é também uma adaptação à vida subterrânea.
Reprodução
O desenvolvimento embrionário do proteus demora 140 dias, a seguir ao qual leva mais 14 anos a alcançar a maturidade sexual. A larva ganha a aparência adulta com quase quatro meses, estando a duração do desenvolvimento fortemente correlacionada com a temperatura da água.
Existem observações históricas não confirmadas de viviparidade, mas foi demonstrado que as fêmeas possuem uma glândula que produz a casca do ovo, à semelhança de peixes e anfíbios que põem ovos. Durante muito tempo pensou-se que as fêmeas desta espécie davam à luz juvenis a baixas temperaturas e punham ovos a temperaturas mais elevadas, mas observações rigorosas não confirmaram isso. O proteus parece ser ovíparo.
A fêmea deposita até 70 ovos, cada um com cerca de 12 mm em diâmetro e coloca-os entre rochas, onde permanecem sob a proteção dela. Os girinos têm 2 cm de comprimento quando eclodem e vivem da gema armazenada nas células do trato digestivo durante um mês.
Dimorfismo Sexual
Os dois sexos são semelhantes na aparência, com os machos apresentando uma cloaca ligeiramente mais grossa que a das fêmeas.
Alimentação
É um animal predador, alimentando-se de pequenos caranguejos, caracóis e ocasionalmente insectos.
A abertura da boca é pequena, com pequenos dentes que formam uma peneira para não deixar passar partículas maiores para dentro da boca.
Não mastiga a sua comida, engolindo-a inteira. É resistente a longos períodos de fome, uma adaptação ao seu habitat subterrâneo. Pode consumir grandes quantidades de comida de uma vez, e guardar nutrientes em grandes depósitos de lípidos e glicogênio no fígado.
Quando a comida é pouca, reduz a sua atividade e o seu metabolismo, e pode também reabsorver os seus próprios tecidos em casos graves. Experiências controladas mostraram que um proteus pode sobreviver até 10 anos sem comida.
Etimologia: —
Sinônimos: Siren anguina (Shaw, 1802)
Referências
- Jan Willem Arntzen, Mathieu Denoël, Claude Miaud, Franco Andreone, Milan Vogrin, Paul Edgar, Jelka Crnobrnja Isailovic, Rastko Ajtic, Claudia Corti. 2009. Proteus anguinus . The IUCN Red List of Threatened Species 2009: e.T18377A8173419. Downloaded on 08 March 2017 .
- Istria on the Internet – Proteus anguinus (Olm). Acessado em 7 Junho 2007.
- Burnie D. & Wilson D.E. (eds.) (2001). Animal. London: DK. pp. 61, 435. ISBN 0-7894-7764-5
- Schlegel P.A., Briegleb W., Bulog B., Steinfartz S. (2006). Revue et nouvelles données sur la sensitivité a la lumiere et orientation non-visuelle chez Proteus anguinus, Calotriton asper et Desmognathus ochrophaeus (Amphibiens urodeles hypogés). Bulletin de la Société herpétologique de France, 118, pp. 1–31.
- Aljančič M., Bulog B. et al. (1993). Proteus – mysterious ruler of Karst darkness. Ljubljana: Vitrium d.o.o. (em esloveno)
- Guillaume O. (2000). Role of chemical communication and behavioural interactions among conspecifics in the choice of shelters by the cave-dwelling salamander Proteus anguinus (Caudata, Proteidae). Can. J. Zool. 78(2): 167–173
- Durand J.P. & Delay B. (1981). Influence of temperature on the development of Proteus anguinus (Caudata: Proteidae) and relation with its habitat in the subterranean world.
Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Março/2017
Colaboradores (collaboration): –
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